sábado, janeiro 31, 2009

Peça do Expresso deste Sábado.


O que é o amor? Será, como escreveu Stendhal, o "milagre da civilização"? Será mais arte que sentimento, como defendeu Paul Morand? Ou será, afinal, "algo que não se define", antes se sente (Séneca, pensador romano)?

O debate é provavelmente tão antigo quanto as inquietações sobre as origens do Homem. Ao longo da História, vários têm sido os poetas, escritores e artistas que, cantando as virtudes do amor, têm contribuído para a compreensão deste fenómeno transcendente e antagónico: tanto é capaz de iluminar-nos a alma e encher-nos de vida como, num ápice, rasgar-nos o coração e apagar qualquer centelha de esperança. "Nascemos para amar", escreveu o político e autor britânico Benjamin Disraeli. "O amor é o princípio da existência e o seu único fim".

Mas, afinal, o que define o amor? A antropóloga norte-americana Helen Fisher, autora de "Porque Amamos - A Natureza Química do Amor Romântico" (Relógio D'Água, 2008), tem vindo a dedicar a sua carreira a decifrar esse enigma. A resposta, defende na obra, é menos romântica e mais previsível do que se esperava. O amor é... química, sentencia friamente. Uma alquimia complexa que envolve duas hormonas sexuais, a testosterona e o estrogénio, e dois neurotransmissores, a dopamina e a serotonina. A ciência, afinal, apenas confirma o senso comum. Quantos de nós já não nos escudamos na "química" para explicar aquele magnetismo incontrolável, o desejo irrefreável, a vertigem sentimental que nos liga a alguém? Química portanto, não simbólica mas literal.

A visão fica a dever muito ao romantismo, mas Fisher vai mais longe. A professora de Antropologia da Universidade de Rutgers socorre-se de Darwin para explicar que o amor, mais do que um sentimento nobre e transcendental, tem um papel evolutivo: existe para permitir a reprodução da espécie. E ainda que, como animais sexuais que somos, não precisemos de amar para nos envolvermos sexualmente, todos procuramos a pessoa ideal para assentar e constituir família. Mais do que máquinas sexuais, somos máquinas reprodutoras, diz-nos Fisher. O amor é apenas um meio para um fim muito mais nobre: a sobrevivência da raça humana. Esqueça, pois, os chocolates Godiva, as trufas, os diamantes e o champanhe caro.

A poção do amor não pode ser comprada nem mesmo na melhor loja. A primeira boa notícia é que existe dentro de cada um de nós. Basta encontrar a pessoa certa para a activar. A segunda é que a ciência pode ajudar-nos a consegui-lo mais eficazmente. Na sua última obra, "Why Him? Why Her?" (Porquê Ele? Porquê Ela?, numa tradução literal), acabada de publicar nos Estados Unidos, Fisher recorre ao seu conhecimento sobre a acção da testosterona, do estrogénio, da dopamina e da serotonina para traçar quatro tipos de personalidade distintas e explicar a sua influência nas relações românticas. Porque se as relações duradouras dependem mais do estatuto e da história de vida em comum, é a compatibilidade entre personalidades que soltará as faíscas no primeiro encontro.

Associados a elevados níveis de estrogénio, os Negociadores são introspectivos e analíticos, revelando grande habilidade para lidar com as pessoas. Cheios de testosterona, os Directores são bastante competitivos, ambicionando desempenhar papéis de liderança. Sob a influência da serotonina, os Construtores são os pais de família dos subúrbios, populares entre colegas e amigos, e pilares das suas comunidades. Por fim, os Exploradores, afectados por uma elevada acção da dopamina, são criativos e energéticos, não dispensando uma boa aventura.

As características de cada um dos tipos de personalidade ajudam a explicar a sua compatibilidade. Construtores e Exploradores tendem a procurar parceiros com o mesmo tipo de personalidade. Os primeiros porque sendo tão tradicionais - "são os casamentos de 50 anos, com cinco filhos", ilustra a autora - dificilmente conseguem tolerar outro tipo. Mais curiosa, sobretudo de um ponto de visto evolutivo, é a atracção entre Exploradores. Quem vai tomar conta das crianças quando ambos estiverem a subir ao Evereste ou no bar a tomar drogas?, interroga-se Fisher. Já Negociadores e Directores completam-se: precisam das características uns dos outros.

"Tudo o que fazemos tem um componente químico", explica Fisher ao Expresso. Conhecer a receita não destrói, contudo, o romantismo, garante a antropóloga. "Podemos conhecer todos os ingredientes químicos de um bolo de chocolate ou de uma cerveja e ainda assim desfrutar do prazer de consumi-los." Nisto do amor, o melhor é deixar espaço para o acaso. É que o coração tem caminhos que a própria razão desconhece.

As três fases do amor

Desejo sexual

É a fase da luxúria, do impulso sexual indiscriminado desencadeado pelas nossas hormonas sexuais, a testosterona nos homens e o estrogénio nas mulheres.

Amor Romântico

É a fase da atracção sexual selectiva, do enamoramento e da paixão. É quando perdemos o apetite, a concentração, o sono e a razão. É quando o coração bate mais depressa, as mãos ficam suadas e a respiração parece falhar. A passagem da fase do desejo para a do amor é controlada pela feniletilamina, uma molécula natural semelhante às anfetaminas. Há uma descarga de dopamina e norepinefrina, duas substâncias associadas aos centros de prazer no cérebro. São, na prática, estimulantes naturais do cérebro.

Fase de ligação

É a fase do compromisso, do amor maduro, da estabilidade emocional. Aqui entram em acção sobretudo duas hormonas: a oxitocina, libertada durante o sexo e conhecida como a "hormona do carinho" ou "do abraço"; e a vasopressina, tida como a hormona da fidelidade.

Texto publicado na edição do Expresso de 31 de Janeiro de 2009

obs:Não vou opinar sobre este assunto.

Concordam?!

momento de inspiração 2.(já chega ok.)


São meras palavras
Ditas pelo vento
Quando não estás

Cai em mim a noite
Sinto o momento
Olho p´ra trás

Palavras perdidas, ficam por dizer
Ohhh, perco a razão
Memórias esquecidas, sinto-me perder
Tudo é ilusão

Se eu sentir que não sou capaz
De enfrentar marcas do passado
Ohhh, é porque tu nem sempre me dás
A certeza de querer estar a meu lado
Ohhh, a meu lado

Quando desabafo
Os meus sentimentos
Não posso mais

Aguentar calado
E esconder momentos
Eu quero mais

Palavras perdidas, ficam por dizer
Ohhh, perco a razão
Memórias esquecidas, sinto-me perder
Tudo é ilusão...

Se eu sentir que não sou capaz
De enfrentar marcas do passado
Ohhh, é porque tu nem sempre me dás
A certeza de querer estar a meu lado

Se eu sentir que não sou capaz
De enfrentar marcas do passado
Ohhh, é porque tu nem sempre me dás
A certeza de querer estar a meu lado
Ohhh, a meu lado...
A meu lado...



obs: tive para pôr o video do Beto no Kanta Palmela(esse parténon da musica nacional),mas senti vontade de me mandar da varanda. E amanha acordo cedo e não dava jeito ir para o HSB a esta hora.

momento de inspiração 1.




Eu cresci a sonhar
Em qualquer sonho meu
Eu me via a cantar
Nao via nada mais
So a musica e eu..

Na guitarra encontrei
A razao de viver..
E as cançoes que inventei,
Os cantores que imitei,
Tudo isso me levou a ser..

Um poeta, um cantor
De cantigas de amor, e de sonhos..
Vagabundo feliz
Com um brilho sem fim, nos seus olhos..
Tudo aquilo que sou, um menino sonhou
E hoje eu vivo..
Vivo a vida que eu sempre quis.. A vida que eu
escolhi!

Muitos anos depois,
A sorrir e a chorar,
Neste mar de emoçoes, entre magoas, paixoes
Continuo a sonhar
E assim quero seguir,
Ate quando nao sei,
Mas enquanto eu sentir, que me querem ouvir
Serei sempre aquilo que eu sonhei!

Um poeta, um cantor
De cantigas de amor, e de sonhos..
Vagabundo feliz
Com um brilho sem fim, nos seus olhos..
Tudo aquilo que sou, um menino sonhou
E hoje eu vivo!
Vivo a vida que eu sempre quis.. A vida que eu
escolhi!

E hoje se o tempo voltasse atras
Todos os passos seriam iguais!
E nada mudava do que eu ja vivi..

Um poeta, um cantor
De cantigas de amor, e de sonhos..
Vagabundo feliz
Com um brilho sem fim, nos seus olhos..
Tudo aquilo que sou, um menino sonhou
E hoje eu vivo!
Vivo a vida que eu sempre quis.. A vida que eu
escolhi!
TONY TUM TUM TUM!!!TONY TUM TUM TUM !!!

The Fevers, Mar de rosas.Cantem!!!




Senhoras e senhores, este sim é um hit..aquela musica que nos faz levantar da cadeira em pleno carnaval,(ou não),que nos faz erguer os braços,ir buscar uma rapariga qualquer,ou até mesmo a avó lá do sitio caso já estejam todas ocupadas,
esta meus amigos, é A Música.


Você bem sabe
Que eu não lhe prometi um mar de rosas
Nem sempre o sol brilha
Também há dias em que a chuva cai
Se você quiser partir pra viver por viver sem amor
Não tenho culpa
Eu não lhe prometi um mar de rosas
A promessa que eu fiz foi fazer você feliz
Eu queria que você entendesse o quanto eu te quero
O quanto sou sincero
Se eu falasse talvez ao menos uma vez
Que o mundo inteiro a seus pés eu colocaria
Mas isso eu não podia
Não há razão pra ser tão triste
Nosso amor ainda existe
Temos muito tempo para amar
Você bem sabe que eu não lhe prometi um mar de rosas
Nem sempre o sol brilha
Também há dias em que a chuva cai
Você bem sabe que eu não lhe prometi um mar de rosas
Nem sempre o sol brilha
Também há dias em que a chuva cai..
(sim é para cantar!!!)





Afinal nao é só o Tony que faz plágio...(cultura geral)


"la chante mi cantare"..


Esta chama-se "l'Idiot"

"Tony...e hoje a cantar..em cada nação."

obs:ainda assim eu continuo a gostar muito do Tony ok?!

Até o Rei?!..quer dizer,ás tantas foi o francês..

O Rei será sempre o Rei

terça-feira, janeiro 27, 2009

Forget Her,Jeff Buckley.


while this town is busy sleeping
all the noise has died away
i walk the streets to stop my weeping
‘cause she'll never change her ways

don't fool yourself
she was heartache from the moment that you met her
my heart feels so still
as i try to find the will to forget her somehow
oh i think i've forgotten her now

her love is a rose pale and dying
dropping her petals and men unknown
all full of wine the world before her
was sober with no place to go

don't fool yourself
she was heartache from the moment that you met her
my heart is frozen still
cause i try to find the will to forget her somehow
she's somewhere out there now

(guitar solo)

oh my tears are falling down as i try to forget
her love was a joke from the day that we met
all of the words all of the men
all of my pain when i think back to when
remember her hair as it shone in the sun
the smell of the bed when i knew what she'd done
tell yourself over and over you wont ever need her again

But don't fool yourself
she was heartache from the moment that you met her
oh my heart is frozen still
as i try to find the will to forget her somehow
she's out there somewhere now

oh
she was heartache from the day that i first met her
my heart is frozen still
as i try to find the will to forget you somehow
cause i know you're somewhere out there right now

Dar.


Já alguma vez pensaram que poderia ser tudo um oceano de altruísmo?!..
Como se esta passagem fosse um som ritmado que temos de percorrer sem poder parar a musica. Como se tivessemos todos de dar algo e perder outras tantas coisas.
E se a resposta a tudo isto fosse esse mesmo oceano de altruísmos que tinhamos de percorrer e mergulhar o mais fundo que conseguíssemos.
Falo um pouco de egoísmos. Um pouco não,completamente.É feio não nos darmos uns aos outros,de nao darmos uma mão,um sorriso,um afecto,uma sensibilidade..o que for. Tudo virado para dentro,é o que é. E tudo isto que é uma mera passagem. Pobres almas pedantes que vagueiam por aí virados para si mesmas. Vi á pouco uma historia simples, sem grandes rodeios,sem grandes prémios,mas com uma boa mensagem, um pouco isto que falo. Um pouco porque só quem alguma vez vivesse essa "vida" poderia explicar a razão. Não sei..altruísmo,pagar por um erro,um azar,uma distracção.
Não sei mesmo. Toca-me estes focos em sí mesmos quando somos todos feitos do mesmo com os mesmos equilibrios e desequilibrios constantes.Caprichos, meros caprichos nos fazem agir desta ou daquela forma, deixamos todo o "cosmos"desgovernado e depois basta-nos alguma retórica para acreditarmos em alguém que nos diz os valores que todos deviamos já ter assimilado há muito. Não, não falo de premissas ou religiões,falo de corações, de olhos,de toques,de contactos. Coisas essas que poucos dão sem ter algo em troca. Louvo tanto esses que dão por dar. Uma vez disseram-me que "dar"por dar acaba por ser egoísmo.Egoísmo pelo prazer de o "dar",ou de num segundo pensamento saber que irá "receber" algo mais tarde, será?!..

Não creio. Isto é um texto meio redondo sem uma conclusão objectiva, apenas que se alguem lêr isto que pense nisso. Se realmente "damos" algo real aos que nos rodeiam. Aos nossos amigos mais próximos(esses que pensam neste mesmo momento),aos que podemos contar,aos que estão ali bem perto sem termos que lhes ir tocar no ombro..ou se nós estamos ali perto deles para o que fôr.Isto não é nenhuma tempestade, apenas como o filme é uma pradaria qualquer com um sobreiro enorme num entardecer qualquer num final de verão onde estamos recostados em contacto com a Mãe Terra. É um pouco esse sentimento que ,se é que isso é possivel com tais metáforas estupidas, pretendo despoletar.
O sentimento de "dar" de sermos mesmo boas pessoas,de "darmos" a esses que nos rodeiam algo merecido.
Sejam para os outros como gostavam que fossem para vocês,meus caros.
Coisa que por aí não abunda.
Uma boa semana.
obs: (a quem não fôr para mim , como eu sou para essa pessoa...)
obs2: a primeira foto é minha, a quem a quiser.

segunda-feira, janeiro 26, 2009

pensamento do dia.

merda..hoje não consegui dizer nada de jeito.

obs: então não é que a cabra da Maya acertou?!..

Grace, Jeff Buckley.



There's the moon asking to stay
Long enough for the clouds to fly me away
Though it's my time coming, I'm not afraid, afraid to die
My fading voice sings of love,
But she cries to the clicking of time,
Of time

Wait in the fire...

And she weeps on my arm
Walking to the bright lights in sorrow
Oh drink a bit of wine we both might go tomorrow,oh my love
And the rain is falling and I believe
My time has come
It reminds me of the pain I might leave
Leave behind

Wait in the fire...

And I feel them drown my name
So easy to know and forget with this kiss
But I'm not afraid to go but it goes so slow

Wait in the fire...

Rufus.

Pessoal do "Rufus"..gostava de falar com vocês.
Se passarem por aqui digam qualquer coisa para o mail.
Abraço.

continuação, teens age.


Digital Bath,Deftones


Judith,A Perfect Circle


Midlife Crisis,Faith No More.
(Mike Patton é "a"Voz)


Alive,Pearl Jam


Avon,Queens of The Stone Age


Black Dog,Led Zepellin


Foxy Lady,Jimmy Hendrix

obs: faltam tantos mas tantos..vou colocando por aqui alguns de quando em vez.

sábado, janeiro 24, 2009

reviver parte da minha adolescência.


The Beautiful People,Marylin.


Wait and Bleed,Slipknot


King Of Nothing,Metallica


Amazed,Offspring


A.D.I.D.A.S,Korn


Open Your Eyes, Guano Apes


obs: haviam muitos mais, mas tenho de ir comprar o jantar.
Hoje há jantar na garagem só pra machos.
Ver Porno,beber bom Vinho e ouvir boa música.
(e comer qualquer coisa pa encher o estomago)

quinta-feira, janeiro 22, 2009

Ontem,looking for the sun,PJ, With You.








(I wanna make it Chu, com a Poly Jane).

You wanna know if I know why?
I can't say that I do
Don't understand the evil eye
Or how one becomes two
I just can't recall what started it all
Or how to begin in the end
I ain't here to break it
Just see how far it will bend
Again and again, again and again

I wanna make out.
I wanna make out wit chu
(Anytime, anywhere)

I wanna make it
I wanna make it witchu
(again and again and again)

Sometimes the same is different
But mostly it's the same
These mysteries of life
That just ain't my thing
If I told you that I knew about the sun and the moon
I'd be untrue
The only thing I know for sure
Is what I won't do
Anytime, anywhere and I say

I wanna make it
I wanna make it wit chu
(Anytime, Anywhere)

I wanna make it
(Again and again, yeah yeah)
I wanna make it wit chu

I wanna make it
I wanna make it wit chu
(Again and again)

I wanna make it
I wanna make it wit chu
(You)

I wanna make it
(Again and again, yeah yeah)
I wanna make it wit chu
(Anytime, anywhere)

I wanna make it
I wanna make it wit chu
Again and again and again and again and again)

I wanna make it

quarta-feira, janeiro 21, 2009

you know what?!Crawl Home!(PJ J.Homme)




isto é tão bom...


No more
It's done
Crawl home
Get gone
Your love
Is evil
Lonesome
My bones

Took me such a long time to figure it out
Now is it too late, I can't do it alone
Took me such a long time to figure it out
Don't take it away, away, oh

Snowstorm
In my heart
Crawl home
Your love
Is evil
I'm lonesome
Just get more and more
Where you've dared

Took me such a long time to figure it out
Now is it too late, I can't do it alone
Took me such a long time to figure it out
Don't take it away, away, oh

Took me such a long time to figure it out
Now is it too late, I can't do it alone
Took me such a long time to figure it out
Don't take it away, away, oh.

PJ Harvey,Josh Homme (brutal!)




Oh
There will never be a better time
Oh there will never be a greater time
Oh

Oh
Oh if I could change, change everything
Yeah if I could change my name, learn to forgive
Yeah there's never been a better time
Oh I know there will never be a greater time
Now have I looked, forgot, I'll lose my way
Have I looked for you, I'll lose my place

Kissing anything that comes my way
Yeah burning anything that will burn
Yeah

Oh
I wanna change, change everything
Yeah I'll learn to change my
name, learn to forgive
But love, love passes me by in all
the wrong places, places
Love passes me by, I'll lose my way,
now I wanna catch them all
There will never be a greater time
No I know there, there will never be a better time
Yeah there will never be a better time
There will never be a greater time..

Discurso do Obama na tomada de posse.


Meus caros cidadãos:

Aqui estou hoje, humilde perante a tarefa à nossa frente, grato pela confiança que depositaram em mim, consciente dos sacrifícios que os nossos antepassados enfrentaram. Agradeço ao Presidente Bush pelo seu serviço à nossa nação, assim como a generosidade e a cooperação que demonstrou durante esta transição.


Quarenta e quatro americanos fizeram até agora o juramento presidencial. Os discursos foram feitos durante vagas de crescente prosperidade e águas calmas de paz. No entanto, muitas vezes a tomada de posse ocorre no meio de nuvens espessas e furiosas tempestades. Nesses momentos, a América perseverou não só devido ao talento ou à visão dos que ocupavam altos cargos mas porque Nós o Povo permanecemos fiéis aos ideais dos nossos antepassados e aos nossos documentos fundadores.

Assim tem sido. E assim deve ser com esta geração de americanos.

Que estamos no meio de uma crise, já todos sabem. A nossa nação está em guerra, contra uma vasta rede de violência e ódio. A nossa economia está muito enfraquecida, consequência da ganância e irresponsabilidade de alguns, mas também nossa culpa colectiva por não tomarmos decisões difíceis e prepararmos a nação para uma nova era. Perderam-se casas; empregos foram extintos, negócios encerraram. O nosso sistema de saúde é muito oneroso; para muita gente as nossas escolas falharam; e cada dia traz-nos mais provas de que o modo como usamos a energia reforça os nossos adversários e ameaça o nosso planeta.

Estes são indicadores de crise, resultado de dados e de estatística. Menos mensurável mas não menos profunda é a perda de confiança na nossa terra - um medo incómodo de que o declínio da América é inevitável, e que a próxima geração deve baixar as expectativas.

Hoje eu digo-vos que os desafios que enfrentamos são reais. São sérios e são muitos. Não serão resolvidos facilmente nem num curto espaço de tempo. Mas fica a saber, América - eles serão resolvidos.

Neste dia, unimo-nos porque escolhemos a esperança e não o medo, a unidade de objectivo e não o conflito e a discórdia

Neste dia, viemos para proclamar o fim dos ressentimentos mesquinhos e falsas promessas, as recriminações e dogmas gastos, que há tanto tempo estrangulam a nossa política.

Continuamos a ser uma nação jovem, mas nas palavras da Escritura, chegou a hora de pôr as infantilidades de lado. Chegou a hora de reafirmar o nosso espírito de resistência, de escolher o melhor da nossa história; de carregar em frente essa oferta preciosa, essa nobre ideia, passada de geração em geração; a promessa de Deus de que todos somos iguais, todos somos livres, e todos merecemos uma oportunidade de tentar obter a felicidade completa.

Ao reafirmar a grandeza da nossa nação, compreendemos que a grandeza nunca é um dado adquirido. Deve ser conquistada. A nossa viagem nunca foi feita de atalhos ou de aceitar o mínimo. Não tem sido o caminho dos que hesitam – dos que preferem o divertimento ao trabalho, ou que procuram apenas os prazeres da riqueza e da fama. Pelo contrário, tem sido o dos que correm riscos, os que agem, os que fazem as coisas – alguns reconhecidos mas, mais frequentemente, mulheres e homens desconhecidos no seu labor, que nos conduziram por um longo e acidentado caminho rumo à prosperidade e à liberdade.

Por nós, pegaram nos seus parcos bens e atravessaram oceanos em busca de uma nova vida.

Por nós, eles labutaram em condições de exploração e instalaram-se no Oeste; suportaram o golpe do chicote e lavraram a terra dura. Por nós, eles combateram e morreram, em lugares como Concord e Gettysburg; Normandia e Khe Sahn.

Tantas vezes estes homens e mulheres lutaram e se sacrificaram e trabalharam até as suas mãos ficarem ásperas para que pudéssemos viver uma vida melhor. Eles viram a América como maior do que a soma das nossas ambições individuais; maior do que todas as diferenças de nascimento ou riqueza ou facção.

Esta é a viagem que hoje continuamos. Permanecemos a nação mais poderosa e próspera na Terra. Os nossos trabalhadores não são menos produtivos do que eram quando a crise começou. As nossas mentes não são menos inventivas, os nossos produtos e serviços não são menos necessários do que eram na semana passada ou no mês passado ou no ano passado. A nossa capacidade não foi diminuída. Mas o nosso tempo de intransigência, de proteger interesses tacanhos e de adiar decisões desagradáveis – esse tempo seguramente que passou.

A partir de hoje, devemos levantar-nos, sacudir a poeira e começar a tarefa de refazer a América.

Para onde quer que olhamos, há trabalho paraa fazer. O estado da economia pede acção, corajosa e rápida, e nós vamos agir – não só para criar novos empregos mas para lançar novas bases de crescimento. Vamos construir estradas e pontes, redes eléctricas e linhas digitais que alimentam o nosso comércio e nos ligam uns aos outros.

Vamos recolocar a ciência no seu devido lugar e dominar as maravilhas da tecnologia para elevar a qualidade do serviço de saúde e diminuir o seu custo. Vamos domar o sol e os ventos e a terra para abastecer os nossos carros e pôr a funcionar as nossas fábricas. E vamos transformar as nossas escolas e universidades para satisfazer as exigências de uma nova era.

Podemos fazer tudo isto. E tudo isto iremos fazer. Há alguns que, agora, questionam a escala das nossas ambições – que sugerem que o nosso sistema não pode tolerar muitos planos grandiosos. As suas memórias são curtas. Esqueceram-se do que este país já fez; o que homens e mulheres livres podem fazer quando à imaginação se junta um objectivo comum, e à necessidade a coragem.

O que os cínicos não compreendem é que o chão se mexeu debaixo dos seus pés – que os imutáveis argumentos políticos que há tanto tempo nos consomem já não se aplicam. A pergunta que hoje fazemos não é se o nosso governo é demasiado grande ou demasiado pequeno, mas se funciona – se ajuda famílias a encontrar empregos com salários decentes, cuidados de saúde que possam pagar, pensões de reformas que sejam dignas. Onde a resposta for sim, tencionamos seguir em frente. Onde a resposta for não, programas chegarão ao fim.

E aqueles de nós que gerem os dólares do povo serão responsabilizados – para gastarem com sensatez, reformarem maus hábitos e conduzirem os nossos negócios à luz do dia – porque só então poderemos restaurar a confiança vital entre o povo e o seu governo.

Não se coloca sequer perante nós a questão se o mercado é uma força para o bem ou para o mal. O seu poder de gerar riqueza e de expandir a democracia não tem paralelo, mas esta crise lembrou-nos que sem um olhar vigilante o mercado pode ficar fora de controlo – e que uma nação não pode prosperar quando só favorece os prósperos. O sucesso da nossa economia sempre dependeu não só da dimensão do nosso Produto Interno Bruto, mas do alcance da nossa prosperidade; da nossa capacidade em oferecer oportunidades a todos – não por caridade, mas porque é o caminho mais seguro para o nosso bem comum.

Quanto à nossa defesa comum, rejeitamos como falsa a escolha entre a nossa segurança e os nossos ideais. Os nossos Pais Fundadores, face a perigos que mal conseguimos imaginar, redigiram uma carta para assegurar o estado de direito e os direitos humanos, uma carta que se expandiu com o sangue de gerações. Esses ideais ainda iluminam o mundo, e não vamos abdicar deles por oportunismo.

E por isso, aos outros povos e governos que nos estão a ver hoje, das grandes capitais à pequena aldeia onde o meu pai nasceu: saibam que a América é amiga de todas as nações e de todos os homens, mulheres e crianças que procuram um futuro de paz e dignidade, e que estamos prontos para liderar mais uma vez.

Recordem que as primeiras gerações enfrentaram o fascismo e o comunismo não só com mísseis e tanques mas com alianças sólidas e convicções fortes. Compreenderam que só o nosso poder não nos protege nem nos permite agir como mais nos agradar. Pelo contrário, sabiam que o nosso poder aumenta com o seu uso prudente; a nossa segurança emana da justeza da nossa causa, da força do nosso exemplo, das qualidades moderadas de humildade e contenção.

Nós somos os guardiões deste legado. Guiados por estes princípios uma vez mais, podemos enfrentar essas novas ameaças que exigem ainda maior esforço – ainda maior cooperação e compreensão entre nações. Vamos começar responsavelmente a deixar o Iraque para o seu povo, e a forjar uma paz arduamente conquistada no Afeganistão. Com velhos amigos e antigos inimigos, vamos trabalhar incansavelmente para diminuir a ameaça nuclear, e afastar o espectro do aquecimento do planeta.

Não vamos pedir desculpa pelo nosso modo de vida, nem vamos hesitar na sua defesa, e àqueles que querem realizar os seus objectivos pelo terror e assassínio de inocentes, dizemos agora que o nosso espírito é mais forte e não pode ser quebrado; não podem sobreviver-nos, e nós vamos derrotar-vos.

Porque nós sabemos que a nossa herança de diversidade é uma força, não uma fraqueza. Nós somos uma nação de cristãos e muçulmanos, judeus e hindus – e não crentes. Somos moldados por todas as línguas e culturas, vindas de todos os cantos desta Terra; e porque provámos o líquido amargo da guerra civil e da segregação, e emergimos desse capítulo sombrio mais fortes e mais unidos, não podemos deixar de acreditar que velhos ódios um dia passarão; que as linhas da tribo em breve se dissolverão; que à medida que o mundo se torna mais pequeno, a nossa humanidade comum deve revelar-se; e que a América deve desempenhar o seu papel em promover uma nova era de paz.

Ao mundo muçulmano, procuramos um novo caminho em frente, baseado no interesse mútuo e no respeito mútuo. Aos líderes por todo o mundo que procuram semear o conflito, ou culpar o Ocidente pelos males da sua sociedade – saibam que o vosso povo vos julgará pelo que construírem, não pelo que destruírem. Aos que se agarram ao poder pela corrupção e engano e silenciamento dos dissidentes, saibam que estão no lado errado da história; mas que nós estenderemos a mão se estiverem dispostos a abrir o vosso punho fechado.

Aos povos das nações mais pobres, prometemos cooperar convosco para que os vossos campos floresçam e as vossas águas corram limpas; para dar alimento aos corpos famintos e aos espíritos sedentos de saber. E às nações, como a nossa, que gozam de relativa riqueza, dizemos que não podemos mais mostrar indiferença perante o sofrimento fora das nossas fronteiras; nem podemos consumir os recursos do mundo sem prestar atenção aos seus efeitos. Porque o mundo mudou, e devemos mudar com ele.

Ao olharmos para o caminho à nossa frente, lembremos com humilde gratidão os bravos americanos que, neste preciso momento, patrulham desertos longínquos e montanhas distantes. Eles têm alguma coisa para nos dizer hoje, tal como os heróis caídos em Arlington fazem ouvir a sua voz. Honramo-los não apenas porque são guardiões da nossa liberdade, mas porque incorporam o espírito de serviço; uma vontade de dar significado a algo maior do que eles próprios. E neste momento – um momento que definirá uma geração – é este espírito que deve habitar em todos nós. Porque, por mais que o governo possa e deva fazer, a nação assenta na fé e na determinação do povo americano.

É a generosidade de acomodar o desconhecido quando os diques rebentam, o altruísmo dos trabalhadores que preferem reduzir os seus horários a ver um amigo perder o emprego que nos revelam quem somos nas nossas horas mais sombrias. É a coragem do bombeiro ao entrar por uma escada cheia de fumo, mas também a disponibilidade dos pais para criar um filho, que acabará por selar o nosso destino.

Os nossos desafios podem ser novos. Os instrumentos com que os enfrentamos podem ser novos. Mas os valores de que depende o nosso sucesso – trabalho árduo e honestidade, coragem e fair play, tolerância e curiosidade, lealdade e patriotismo – estas coisas são antigas. Estas coisas são verdadeiras. Têm sido a força silenciosa do progresso ao longo da nossa história. O que é pedido, então, é o regresso a essas verdades.
O que nos é exigido agora é uma nova era de responsabilidade – um reconhecimento, da parte de cada americano, de que temos obrigações para connosco, com a nossa nação, e com o mundo, deveres que aceitamos com satisfação e não com má vontade, firmes no conhecimento de que nada satisfaz mais o espírito, nem define o nosso carácter, do que entregarmo-nos todos a uma tarefa difícil.

Este é o preço e a promessa da cidadania.

Esta é a fonte da nossa confiança – o conhecimento de que Deus nos chama para moldar um destino incerto.

Este é o significado da nossa liberdade e do nosso credo – é por isso que homens e mulheres e crianças de todas as raças e todas as religiões se podem juntar em celebração neste magnífico mall, e que um homem cujo pai há menos de 60 anos não podia ser atendido num restaurante local pode agora estar perante vós a fazer o mais sagrado juramento.

Por isso, marquemos este dia com a lembrança do quem somos e quão longe fomos. No ano do nascimento da América, no mais frio dos meses, um pequeno grupo de patriotas juntou-se à beira de ténues fogueiras nas margens de um rio gelado. A capital tinha sido abandonada. O inimigo avançava. A neve estava manchada de sangue. No momento em que o resultado da nossa revolução era incerto, o pai da nossa nação ordenou que estas palavras fossem lidas ao povo:

“Que o mundo que há-de vir saiba que... num Inverno rigoroso, quando nada excepto a esperança e a virtude podiam sobreviver... a cidade e o país, alarmados com um perigo comum, vieram para [o] enfrentar.”

América. Face aos nossos perigos comuns, neste Inverno das nossas dificuldades, lembremo-nos dessas palavras intemporais. Com esperança e virtude, enfrentemos uma vez mais as correntes geladas e suportemos as tempestades que vierem. Que seja dito aos filhos dos nossos filhos que quando fomos testados recusámos que esta viagem terminasse, que não recuámos nem vacilámos; e com os olhos fixos no horizonte e a graça de Deus sobre nós, levámos adiante a grande dádiva da liberdade e entregámo-la em segurança às futuras gerações.

(Tradução: PÚBLICO)
obs: como alguem disse,o que ele disse não foi novidade nenhuma,o Mundo é que já nao está habituado a seguir os principios básicos da Humanidade. Sociedades dominadas pelo neo-liberalismo desenfreado enquanto se educam jovens dia após dia em frente á televisão,conceitos de competição,o ganhar por todos os meios,e deixemos tudo e todos na ignorância do que nos rodeia. Enfim..esperemos que seja um novo dia,ou que alguma coisa mude. Não, nao acho que seja um Messias,mas sei que nos ultimos 30 anos,nunca apareceu ninguem assim.Pelo menos deste lado do Mundo Ocidental e "ostracizado".