domingo, junho 15, 2008
a mania das grandezas, por Sociedade Anonima
Tenho esta estúpida e obstinada mania que as relações amorosas são como as casas. A gente um dia encontra uma bela pessoa, se é homem ou mulher não interessa muito ao caso e nem sequer é de grande relevância nos dias que correm excepto para aqueles mais tacanhos de espírito que ainda acham que é preciso um de cada género para fazer a coisa funcionar quando a gente que já experimentou outras vias sabe mais que perfeitamente que não é bem assim… e depois queremos construir algo com essa pessoa porque nos motiva brutalmente e sabemos que temos ali algo que pode não ter passado, mas tá muito presente e queremos que seja alicerce do nosso futuro. Portanto puxa do martelo aqui, saca daquela coisa que se usa para pôr argamassa nos tijolos que agora não me lembra do nome… e pumba! Vamos por ali fora amando e construindo, tijolo sobre tijolo com a argamassa mais ó menos consistente ali pelo meio que de vez em quando a gente até tá distraída com outras coisas e depois deixamos por ali uns espacinhos em branco que na altura até não se nota mas que depois é que são elas!
E assim contentes da vida vamos por ali fora, sempre a subir em direcção ao tecto e um dia lá consideramos a nossa casinha, vida a dois, construída e depois deitamo-nos à sombra da bananeira, que é como quem diz na caminha dentro da casinha tão lindinha e tão aconchegadorazinha e depois um belo dia sem a gente dar por nada, ou às vezes até damos pelas infiltraçõezitas e humidades que começam a deixar nódoas nas paredes e rachinhas a aparecerem por aqui e por ali mas a gente até nem liga muito porque acha que a casa é suficientemente sólida para aguentar umas merdinhas de rachas e humidades e coisa e tal… e pumba! Eis senão quando a argamassa se transforma em cuspo e lá vem a casa abaixo e como nunca temos sorte nenhuma nestas coisas em calhando levamos sempre com uma catrefada de tijolos nas trombas ou nos cornos que de repente até nos apercebemos que temos… e ficamos assim a modos que um bocadito amofinadas porque aquela cena toda deu uma trabalheira do caraças e assim vir tudo abaixo dum momento para o outro é triste, muito triste, mas é mesmo assim que a vida é.
Agora depois de já estarmos assim um bocadito estraçalhadas pela queda dos destroços e do pó acumulado e tudo o resto que este género de demolições implica… o que continua a espantar-me enormemente é esta estúpida vontade risonha em mim de querer continuar a construir a casa dos meus sonhos com alguém que a imagine de igual forma. É do caraças pois é porque de repente já peguei no belo do capacete de empreiteiro e já fui ali à loja perguntar o preço dos materiais e até tenho carta branca e tudo e eu fico assim… ora bolas para esta merda toda… porque eu quero é pegar nessa pessoa especial que de repente se atravessou na minha vida e construir para ela o palácio mais maravilhoso de todos os tempos… assim tipo Seteais mas mais repleto de guturais uis do que angustiados ais… é uma grande chatice esta pois claro, mas eu começo a achar que sou da família dos construtores empedernidos, daqueles que quando não têm mais nada para construir deitam tudo abaixo para fazer de novo, em maior e em melhor!
Etiquetas: tenho a mania das grandezas essa é que é essa
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