Uma leitura filosofica dos grandes
Como disse no meu post de apresentação, a filosofia propõe sistemas de pensamento que nos ajudam a compreender a realidade humana, toda a realidade humana e inclusive, o fenómeno do desporto. Neste post pretendo demonstrar este dado, pensando a natureza dos três grandes de Portugal, Benfica, porto e Sporting (o de Lisboa e não de Braga.Começando pelo Benfica. O sistema filosófico que penso que mais se adapta ao Glorioso é sem duvida nenhuma o romantismo e a sua ramificação nietzschiana. O romantismo parte de um principio muito simples. Nascido no século dezanove, propunha acabar com a influência hegemónica do classicismo francês que, segundo os românticos estaria a corromper as culturas dos povos europeus.
Para tal, os românticos foram buscar no passado os traços que particularizariam as culturas nacionais face ao universalismo francês. Começaram então as corridas aos cantos populares e aos mitos literários para reabilitar as identidades perdidas (compreende-se assim a emergência das historias nacionais durante o século XIX). Ora, o que é o Benfica de hoje senão esta inspiração vinda de um passado glorioso para fazer renascer uma identidade que tem andado perdida desde meados da década de 90? Não apenas existe esta presença constante de um passado glorioso, mas esta reconstrução se faz num contexto de hegemonia do rival conquistada através da corrupção do futebol nacional.
O Benfica não é apenas romântico o Benfica é igualmente nietzschiano. O conceito essencial na filosofia de Nietzsche é o de "vontade de poder". A palavra poder não pode ser compreendida aqui enquanto substantivo, mas enquanto verbo. Isto faz toda a diferença. Um substantivo é estático não evolui, é substância. Um verbo é acção, é dinâmico. E esta vontade de poder que move montanhas que eu sinto a cada vez que a onda vermelha invade Portugal e certas partes do mundo, algo que, neste momento, cada benfiquista pode sentir, mesmo os mais cépticos, grupo no qual me incluo.
A seis jogos de uma época memorável sentimos que o Benfica "pode" tudo, pode conquistar tudo, dos títulos ao começo de um novo ciclo sempre adiado desde 2010. Como Nietzsche que queria inverter a ordem dos valores no pensamento europeu do século XIX, é ao Benfica que cabe a tarefa de inverter os valores do futebol português.
Sobre o Sporting não há muita coisa a dizer já que é o típico caso de psicanálise freudiana. Um clube tão simples no seu espírito como o é o sistema criado por Freud. Para Freud a realidade psíquica de um individuo é condicionada pela libido.
O que é interessante em Freud é que esta realidade psíquica não é exclusivamente consciente, pelo contrario ela é sobretudo inconsciente pois é no inconsciente que se encontram recalcados os desejos sexuais de um individuo e em especial o trauma de infância que condiciona toda a sua evolução. Este trauma é o da criança que toma pela primeira vez consciência que a sua mãe pertence ao género feminino, que deseja o amor da sua mãe e que vê no seu pai o primeiro concorrente. Dai a importância do Complexo de Édipo para a psicanálise de Freud. Construir um sistema de pensamento a partir da libido e do desejo da criança em possuir a sua mãe chocou e continua a chocar muita gente. Mas o que aqui me interessa é o desejo de eliminar a concorrência, o pai.
O Sporting reduz-se a isto mesmo, o desejo de destruir o seu criador. Todos conhecemos como nasceu o Sporting, de que forma ele foi criado e até que ponto esta marca de nascença determina toda a realidade sportinguista, dos seus dirigentes a adeptos. O Sporting é como uma criança que ao evoluir não conseguiu controlar o seu Complexo de Édipo e que, mesmo se a realidade prova que o seu principal concorrente deixou de ser o Benfica, continua a querer matar o pai, continua a manifestar o desejo de destruição do Benfica. O Sporting é um clube que tem por natureza um complexo de inferioridade que apenas desaparecerá pensam eles, com o desaparecimento da figura paterna. O que os sportinguistas não sabem é que Freud não se ficou pelo Complexo de Édipo Explicou que, mesmo matando o pai, este sobrevive... pelas mão do próprio filho!! Destroçado por destruir a única razão para a sua existência, o filho transforma o pai em totem, em divindade que ele próprio passa a adorar.
O sportinguista não é mais do que um benfiquista recalcado.
Por seu lado, o porto deve ser pensado apoiando-nos em Maquiavel. Maquiavel é um dos meus pensadores preferidos pois foi um dos primeiros a pensar a realidade politica não segundo aquilo que ela deveria ser (como o fizeram os teóricos politicos antigos e medievais) mas a partir daquilo que ela é. Por outras palavras, Maquiavel pensou a realidade politica sem a submeter a valores filosóficos ou teológicos pré-estabelecidos.
A realidade não é uma copia da cidade de Deus nem da polis filosófica ela existe nela mesma. E nesta realidade libertada de todos os valores, o Bem não é ético, mas o resultado de uma acção bem sucedida. O Poder na politica perde a sua relação com a moral para passar a ser a finalidade : toda a politica se reduz então à conquista e conservação do poder.
O porto é isto : uma instituição que perdeu toda a relação com a moral, uma instituição que considera que todas as conquistas justificam os meios utilizados para as obter. uma instituição que considera que mesmo a corrupção pode fazer parte do Bem se ela permitir a obtenção daquilo que se pretende. Uma instituição que ela mesma é inferior ao seu presidente tal como para Maquiavel o Estado se submetia ao Príncipe Por esta razão o porto será sempre, por mais conquistas que faça, inferior ao Benfica. No universo benfiquista existe algo que ultrapassa a realidade, muitas vezes difícil como tem sido o caso desde 94. Essa realidade é o BENFICA e a ela todos os seus dirigentes devem se submeter.
Se existe uma entidade que representa o clube, ela não é o líder, mas os seus sócios. No porto passa-se precisamente o contrario O clube não existe porque os seus sócios não existem, o clube não representa nada. Apenas existe o seu líder que se permite tudo pois não existe nenhuma moral para estabelecer fronteiras entre o que deve ser feito e o que não deve ser feito. E enquanto o resultado forem títulos então tudo o que se faz é bom
1 comentário:
Somos grande, e estamos de volta
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