"Enquanto figura pública e alguém que escreve música acho que o meu papel é, atavés da música ou de qualquer outro meio em que trabalhe (...) ajudar a comentar e interpretar o tempo em que vivemos", diz Michael Stipe, dos R.E.M, num longo artigo publicado este mês pela revista de música norte-americana Under The Radar .
Em tempo de eleições nos EUA, a publicação que se define como a "solução para a poluição musical" falou com nomes da música habituados a dar a cara aos protestos sociais e fez uma edição especial com dezenas de manifestos.
Com a maioria do meio partidária do democrata Barack Obama na corrida à Casa Branca, aquilo a que Stipe responde não passa de uma questão de fundo: Queremos que os músicos e outras figuras públicas falem de política e será que as opiniões destes fazem alguma diferença?
Tom Morello, dos Rage Against The Machine, é um dos que acha que sim: "Nos últimos anos aconteceram grandes milagres - acabou o apartheid, o muro de Berlim caiu, houve enormes conquistas nas áreas dos direitos humanos e das mulheres. Estas coisas não caíram do céu nem estavam predestinadas. Aconteceram porque as pessoas lutaram por elas".
Ao longo do número, várias fotografias com nomes do rock, hip-hop ou indie, acompanhados dos seus cartazes reivindicativos e um top 10 de canções de protesto dos anos 2000 rematam a edição especial nascida nas eleições de 2004 e causadora de alguma polémica. Será, afinal, do poder das palavras? Quem o sugere é o também ouvido rapper Chuck D, dos Public Enemy: "A música tem tanto poder como um discurso ou um hino. Pode começar uma guerra ou trazer a paz".
Os manifestos das estrelas
Wayne Coyne (Flaming Lips) - "Sê uma boa pessoa" Ok Go - "Eles apostam na tua apatia" St. Vincent - "A guerra está sobrevalorizada " Tom Morello - "Alimentem os pobres, lutem contra o poder" Michael Stipe (R.E.M.) - "Jornalistas inchados e sem coragem" Death Cab For Cutie - "Só uma coisa: boletins de voto preenchidos" Jarvis Cocker (Pulp) - "Parem de comprar" Shout Out Louds - "Ninguem quer saber" Foals - "Volta para a cama América, o governo já resolveu tudo" Supergrass - "Os golfinhos não são só objectos sexuais" Jamie Lidell - "Libertem o Cliché Guevara" Elbow - "Votem!" Top 10 das músicas de protesto do século XXI ( pela Under The Radar )
1. Bright Eyes - "When The President Talks to God" (2005) 2. Jarvis Cocker - "Cunts Are Still Running The World" (2006) 3. Tom Waits - "Hoist That Rag" (2004) 4. Talib Kweli and Cornel West - "Bushonomics" (2007) 5. Kris Kristofferson - "In The News" (2006) 6. Arcade Fire - "Intervention" (2007) 7. Sleater-Kinney - "Combat Rock" (2002) 8. Elbow - "Leaders Of The World" (2005) 9. Sharon Jones & The Dap-Kings - "What If We All Stopped Paying Taxes" (2002) 10. Bruce Springsteen - "How Can a Poor Man Stand Such Times And Live" (2006) Foto de: Rita Carmo / Espanta Espíritos |
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