subscrevem-se todas as palavras..
“O verdadeiro amor é sempre aquele que não resiste a uma traição”. Como uma pedra tumular sobre pedaços da vida de alguém. Dias, semanas, meses ou anos. Não interessa. Não interessa quanto tempo durou. Não resiste. Pode-se achar que sim. Mas não. Uma verdade dura e crua. Uma verdade que contraria a frase de que o amor tudo vence. Não vence. Porque já mandou abaixo aquilo que os tornava mais que um casal que troca carícias e fode um com o outro. Dados dizem que quando alguém perde um parceiro a dor e as probabilidades de esgotamento/depressão ou perder o sentido da vida é maior que quando se perde um filho. Não sei. Não posso dizer se é verdade. Mas o que foi à vida foi o companheirismo de vida, uma confiança cega. O corpo que está lá ao lado nas noites quentes e frias. Uma traição fode isto tudo. Não há pilar, não há confiança, não há nada. Um dia confidenciaram-me: eu sei sempre quando gosto ou continuo a gostar dela. Como? Quando me deito e estou quase a dormir e viro-me para ela e a abraço. E pronto. É isto. Na sua maior simplicidade.
É este virar para o lado e sentir aquela pele que a traição jogou para o lixo. Menosprezou tudo o que nos foi dado. Assim, sem compaixão. Esmagou aquela visão que tornava alguém especial aos olhos de outro alguém. Numa relação dá-se muito. Recebe-se em igual medida. Em princípio. Há sempre alguém que dá mais. Igualdade não existe. Derrubado o primeiro mito. Depois há dias ao lado um do outro. Há um passear nu à frente do outro com todas as imperfeições. Há um dar que é maior que a própria pessoa. É dar por inteiro. É um corrida longa. Macilenta. Que cansa e moí. E porquê? Por algo que nunca se vai conseguir explicar: o amor. Porquê esta pessoa e não outra? Faço a puta da ideia. Ninguém faz. Afinal a atracção por outras pessoas não acabou. Derrubado o segundo mito. Mas aquele outro dá-nos algo mais que o tesão que podemos sentir pela colega à nossa frente. Por aquela miúda na loja que fomos no outro dia. Pela assistente de bordo na viagem que fizemos. Pela empregada do bar que nos serve com um sorriso. Na miúda que está ao nosso lado no concerto. Tesão não rima com razão. E a razão manda terminar com essas merdas.
Virar a cara a uma traição é porque não há verdadeiro amor. Paixão? Talvez. Uma grande dose de tesão camuflada de sentimentalismos. Uma traição destrói quem foi traído. Uma relação é o conjunto de duas pessoas. Nunca funcionará se o outro foi destruído. É uma relação de uma pessoa só. O amor não acaba com uma traição. Seria talvez tudo mais fácil. Mas não acaba. A relação sim. Acabou. morreu na sarjeta dos corações partidos. É duro. Julgo que sim. Dói. Julgo que sim. Mas nunca niguém disse que amar alguém fosse fácil.
a minha resposta ao meu amigo foi:
corremos todos o risco de subscrever por completo esta prosa.
sim, tem de ser uma prosa porque os poemas sao a unica coisa que parecem conseguir ultrapassar a traição e esmagar com aquela coisa que alguns conseguem agarrar quando foram traídos e ainda amam. será Ego?..será provar a nós mesmos que conseguimos ficar a sair por cima no fim do jogo?..nao é uma competição de "tesão", mas de razao como bem dizes. concordo por completo.
http://www.youtube.com/watch?v=efXIcotrQ_o&feature=player_embedded#!
o que nos fode sao as memorias daqueles 4 dias,4 meses ou 4 anos...que podiamos ter levado tudo de outra forma, ou simplesmente aceitamos que as coisas são como são. Racionalmente podemos encarar como os sociólogos que tudo tem a ver com a individualidade e todos vivemos o momento efémero porque o mundo galopa, ou podemos dizer como bons reikianos"foi assim porque tinha de ser.."...nao sei. ninguem sabe.
sabemos apenas que quando se ama, as gotas de sangue vão todas embora. e a traição consiste no doce e secreto prazer(ignorancia) que os demais usam e abusam até nao restarem gotas de sangue no seu perimetro de anos de vida.
maturidade, ver o tal "big picture" e saber que a traição só esvazia e que destrói para sempre quem ama é que pode ser o ás de trunfo antes de se fazer merda.
todos nós ja traímos, nem que fosse em pensamento (agora lembrei-me do eyes wide shut)..será que se nao soubermos o amor fica intacto e podemos viver uma vida cheia de mentira?..
o hank moody traía, foi traído, foi abandonado quando mais precisava, e nao era menos "sacana".
a verdade é que os que olham para trás em alguns dias é que conseguem entender que o amor morreu. será errado olhar? nao sei.
correndo o risco de cairmos todos nos braços do desabafo, eu confesso que ja traí, e ja fui traído. e nao sei qual foi pior.
talvez o amor"real" só seja quando o reset é bem feito e seguimso com a ficha limpa..ou que Deus seja uma mulher. ja nao sei. logo passo por aqui e logo opino mais qualquer coisa.
abraço mate, terça á noite quando chegar a east village, quando tiver com"ela" digo-te se é amor ou nao.
2 de Fevereiro de 2012 15:07
1 comentário:
Gostei tanto do texto dele como da tua resposta.
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